Não me
apetece perder tempo; não contigo e não agora.
O tempo que
passa é breve e perde-se tão fugazmente
Nos balanços
desse teu Sol. Nem sequer sou capaz de medir
Em tempo as
tuas filosofias; antes medir os teus silêncios,
Que são mais
profundos e dizem-me tão mais de ti que as tuas palavras ocas.
Não é uma
questão difícil, recorda-te da tua superioridade,
Recorda-te
da tua própria vida e da tua mortalidade e faz-me crer que sim,
Que também
sou mortal – pelo menos às vezes – e amoral na maior parte dos casos.
Não te peço
que nos juntemos para crer em Deus, até porque seria contraproducente,
Puxávamos
para o mesmo lado e chegávamos simplesmente à conclusão de que é impossível
Crer num
Deus que não sabe dançar, nem cantar, nem mexer os braços.
Minha onda
no Tejo; meu mar, meu sangue, minha Lusitânia em forma humana,
Não me
deixes perder-me em ti nem pegar-te na mochila;
Nem eu nem
tu aguentaríamos esse esforço, nem que torcêssemos o pescoço
E provável
seria que nos estatelássemos no solo. Aliás, é todo esse o meu problema,
O chão,
sempre o chão, o fogo no chão e a água que vai caindo no chão.
Chove,
Lisboa. Chora por mim. Por ti, e por Ela, por Nós, por Vós que ides
Caindo no
chão à medida que passo; Nem eu nem tu somos sós, amor-cidade minha,
E vêm de
todo o lado para nos ver sonhar acordados.
Gosto de ti
no Outono; mas dispenso-te no Verão. Amo-te no Inverno.
És Portugal
na perfeição de ser intenso, imenso e bruto Portugal, forte e doce Portugal,
Na grande
família de ser-se perto estando-se longe, tão mais longe.
Deixa de me
fazer sonhar, por favor. Peço-te encarecidamente.
Já me chega
esta sensação de estar a cair num poço de que nem vejo o fundo,
Se bem que
eu, como o poeta, tenho a tendência a dormir com uma e sonhar com mais de mil.
Em suma, não
venhas tarde. Vem a tempo e levanta os olhos do chão; faz-me espécie
Ver-te
triste.
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