O tempo não é quase nada; e acredita que às vezes até gostava de sonhar contigo.
De voar, sem asas, de planar, sem ar no estômago. O que me mata é saber não ver o que escondes,
Ou não querer ver. É que não queria mesmo, entendes? Dar tempo, dar-me tempo, dar algum tempo seja ao que for. Eu não sou sequer indicado para dar tempo; vivo demasiado convencido de que ele me falta.
Ademais, sabes como gosto de chuva. Como gosto do silêncio, e da noite, e dos momentos inenarráveis em portas que nunca se fecham. Sabes como gosto de dar as mãos às crianças.
Não penses que algo do que faço é irreflectido ou impensado; a minha impulsividade dá-me arrepios e nem queria irritar-te ou fazer-te sonhar menos.
Noutro prisma, prometo ainda que não volto a tentar que te arrependas das situações pelos meus motivos pessoais; perdoa-me por ser egoísta. É, talvez por isso, que te peço desculpa tantas vezes.
Tens plena razão de quando dizer que, acima de tudo, o que nos rouba o peito não deve ser planeado; talvez estejas certa ao discordar-me quanto ao moralismo. Na sua perfeição, a mim o que me apetecia era tudo o que te assusta a ti; talvez percebas agora o problema que tal situação me causa. É que eu não sei viver aos pedaços, não sei viver demasiado - ou sequer de menos - e tenho sempre medo de me trocar, excepto quando as coisas nada me dizem.
A verdade é que perco demasiado tempo a pensar nisto; outro tanto a pensar vagamente em ti. Também por isso me deverias perdoar. Não devia fazê-lo e em última análise, nem sentir merda nenhuma.
Não temos tempo. Provavelmente, nunca vamos ter tempo. Possivelmente, é possível que nenhum de nós queira realmente ter tempo um para o outro; é só um tiro no escuro, mas juro que às vezes é isto que me assalta a cabeça quando a deito na almofada. Também é quase garantido que, se estivesses aqui, olharias à volta da minha cabeça - porque tanto eu como tu temos dificuldade em olhar nos olhos, falando de coisas sérias - e me dirias que tenho razão. E, raras vezes em há em que eu gostaria de não ter razão. De todas elas, é esta a mais recente.
Por último, dizer-te que não existem sonhos antropomórficos. Ou talvez até existam, ou tenham existido no meu passado. Talvez, nesses tempos de papel e verdes, eu tenha sentido realmente e sonhado realmente sonhar-me com o sonho de alguém. Por isso, agora te digo. Eu não sou um sonho; nunca fui, nunca vou ser. Sou apenas alguém cujas opiniões invariavelmente chocam de frente quase todos. Sou alguém com uma experiência de vida única - tão única como todas as outras. Não sou um sonho. Provavelmente, nunca chegarei a ser o teu sonho, por muito que sonhes. Também sabemos que os teus sonhos estão pelas nuvens; comete os teus erros, e depois conta-me. Aposto que ainda tens muito para sonhar nesse local, e eu não me recomendo.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
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