Apetecem-me as alturas,
Sofregamente;
Da mesma forma
Que os pedaços
Cortam cabelos
E os dedos
Se fazem tarde.
Olharia pelos cantos,
Enquanto a noite
Teima em chegar.
E, volvidos segundos,
Revolvem as folhas
Pelo vento.
Meu amor,
Diria que o tempo escasseia.
Nem as árvores
Apodrecem
Enquanto gastas palavras;
Nem os pássaros
Chilreiam
Enquanto pisas rochas;
Nem as águas
Correm
Enquanto o mar esquenta;
Nem os teus olhos
Brilham
Por entre a floresta.
É dessa mesma forma
Que se procede tudo:
Quanto mais tenho por falar,
Menos a voz se apresenta.
Mulher,
Não me fales de amor:
Inventas moralismos
À espera que creia
Que podes existir
Noutra dimensão qualquer.
Deixa que o Inverno chegue
E dá o peito às gotas
Que escorrem pelas folhas.
Ilumina as ruas
Como se fosses
Luz vaga,
E interior.
Meu amor,
Diria que escasseamos.
Nem os passeios
Nos suportam
Os passos ausentes;
Nem as nuvens
Chovem
À nossa passagem;
Nem o Mar
É nosso
Como foi no passado;
Nem as minhas mãos
Esquentam
À beira das tuas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2012
(28)
-
▼
outubro
(13)
- Se dormisses à beira do rio, faltavam-te os sonhos
- Apetecem-me as alturas
- Do Que se Não Tem, Tendo - Parte I
- Whatever you may be
- Do tempo
- Deste-me vontade de olhar para trás
- Hoje
- Ainda te apetece passear por Lisboa?
- Meu amor, lembras-te de quando tinha mil e um nome...
- Não me apetece perder tempo
- Requiem
- Podíamos sonhar a dois
- Não me peças que te faça milagres nos dedos
-
▼
outubro
(13)
Muito bom, a sério! ass:Tiago
ResponderEliminar