sexta-feira, 3 de agosto de 2012


Soava-me a Deus pelas pedras da calçada
E pelos mármores dos caminhos
Adonde se me alongavam as pernas
Em exclamações inúteis.

De nada me serve passear o cão contente
Ou raspar os sapatos no alcatrão das estradas;
O vento estremece a cada gesto
A cada silêncio de cada madrugada.
Chove, Lisboa maldita.
Pinta o teu castelo de ácidos esverdeados,
Enquanto a meia dúzia de metros raia o Sol branca Selene.

Não existem sombras na noite escura.
Como se do alto a alva Deusa se olvidasse das presenças
Nas ausências de encontros fugazes;
Nem sonoras sirenes cortavam a magnética bruma
Que esmorece os sabores agrestes da maresia
Nem solares discos assomam
Esbranquiçando o céu cinzento.

Ao longe o mar corta a rocha à falésia
E obriga-a a quebramares profusamente oblíquos
E o som ribomba no ar fresco dos dias
A explicar ao divino a sua inexistência.

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