Comemos do Graal da insatisfação, pobres mendigos à espera de abrigo sem saber o que é ao certo mas com toda a certeza que o saberão quando a Luz incidir pelas fissuras das paredes.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós e deles também, piedade do que foi e do que podia ter sido, do que nunca foi erigido em nome de ninguém.
O Homem morre e mata por amor mas é pelo ódio que se consome quando o silvo embate em César e se espalha pela areia do chão. O Homem vive por amor, mas por ele não será uno nunca, no ódio vive só pois consome-se da forma que bem lhe aprouver. Amai o próximo, dizem os falsos profetas, armados do Livro da Ressurreição, empunhado bem alto como um farol aceso.
Bendita sois vós, serpente dos meus cabelos, habita-me o peito aceso em Selene e canaviais. Bendita sois vós, até à exaustão, caminhai por nós, em nós, de nós para nós ao ocaso desse crepúsculo ausente.
Primaveras e amores virão, calcorrearão este ermo como víboras e hão de destruir o amador transformando-lo na coisa amada. Bendita sois vós que caminhais sem pecado, pois no vosso ventre se desenrola a semente do amor profano de Samael e Madalena.
.
Um, Um, Zero e Sete. Deus, Deus, a Inexistência e a Perfeição.
Combinam-se na imiscuidade semi-sensata de uma profecia leviana e imprecisa. Vós, que fostes concebida sem pecado, tirai o pecado de nós, exorcizai-lo de mim.
.
Seiscentas e dezasseis maneiras de dizer que também sou filho do cordeiro, mesmo que Atropos me jogueteie como um filho da puta.
Lakhesis, tu que me contas, faz-me ser a décima parte de algo que seja elevado à décima. Nessa semi-obscuridade do duplo algarismo seremos somente um, tu e eu, pois um e um são dois.
Nona, concebida no seio, chamai-me a ti e marcai-me de nove pontas; endereçai a águia que jaz no topo do teu ceptro ao meu receio e transformai-me nesse que temem os santos e as pudendas, semitas e sionistas; Estígio fado, de mim em teu feitiço, obscurecei-me pela tua luz negra.
.
Ele está no meio de mim.
Sem comentários:
Enviar um comentário