Demos a volta a quatro mortalhas sem saber muito bem a que temperatura se imola o papel; sem saber muito bem de que cor se acendem os teus olhos. Sem saber muito bem a quem pedimos clemência quando erramos. E depois damos voltas sem que os sapatos saibam onde vão terminar; sem que as nuvens chorem à nossa espera. Sem que os cigarros se apaguem violentamente nas nossas peles.
Ó amor, quantos de nós existem para sacrificar ao vento? E quantos cabelos, e quantas peles, quantas vozes; quantas de ti, quantos de mim, quantos de nós. Suspiraria se assim não fosse; afinal a produção morre onde quer que acabem os corpos. E já não estamos vestidos: vestidos de nós, vestidos de seda, vestidos de cetim espalhados pelo chão do quarto; e o que tinhas já não é só meu: agora está espalhado ao mundo, p'ra quem quer que olhe de cima, de lado, de frente, como grãos de areia na costa que desemboca à minha porta.
Toma um pouco do meu café, toma as minhas mãos nas tuas mãos. Toma-me os dedos pelos cabelos. Diz que me vais saudar no dia em que partires deste local, no dia em que partires esta barreira, no dia em que partires deste sentido; e depois ver-te-ei desnuda do outro lado, à espera que amanheça.
É que em ti começa tudo e eu nada sei; nada peço, nada invento.
Limito-me a fumar o meu cigarro à espera que tudo adormeça.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Ignis.
Falta-nos sempre um isqueiro.
Faz-nos falta fogo; depois água que o apague, e um pano que seque a água.
Que nos acendam os cigarros; que nos encham o copo com sempre mais um pouco.
E, posteriormente, quando formos sós, que as cortinas nos apaguem a luz.
Quando deixaremos nós de fazer sentido?
Entristece Selene que por nós espere;
Continuo, contudo, dizendo, que o ideal me comanda
E que nunca me peças que não me dê a ninguém.
Compreende, assim, que nada é teu
E eu tenho pouco que faça sentido para te oferecer.
Ignora a ilusão que te comandou a vida durante décadas:
É que o mundo não foi feito para nós.
Faz-nos falta fogo; depois água que o apague, e um pano que seque a água.
Que nos acendam os cigarros; que nos encham o copo com sempre mais um pouco.
E, posteriormente, quando formos sós, que as cortinas nos apaguem a luz.
Quando deixaremos nós de fazer sentido?
Entristece Selene que por nós espere;
Continuo, contudo, dizendo, que o ideal me comanda
E que nunca me peças que não me dê a ninguém.
Compreende, assim, que nada é teu
E eu tenho pouco que faça sentido para te oferecer.
Ignora a ilusão que te comandou a vida durante décadas:
É que o mundo não foi feito para nós.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
O amor é isto e muito mais
Inspirado pelo relógio das treze:
O amor é:
O amor é:
Não haver polícia- Fica para o Zé.- Olhar pela varanda;
- Dormir pelos umbrais;
Isto e nada mais- Ditto.- Nadar pelo Tejo;
Invocar Lisboa- Não saber o que mais dizer;
- Trocar notas por moedas;
- Fumar tabaco de maços alheios;
- Tratar alguém pelo nome próprio;
- Rejeitar a mão pelos cabelos;
- Pegar fogo a cartas de amor;
- Esvaziar uma garrafa de amarguinha;
- Dizer parvoíces por não saber o que dizer;
- Não acabar recensões críticas
- Deixar de fazer sentido.
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